Cegos ganham qualidade de vida na companhia de cães-guias. Filhotes de labrador e golden recebem treinamento especializado

“Não imagino minha existência sem eles. 70% do que o cão-guia faz é nos trazer para a sociedade, 30% é nos guiar. Tê-los ao lado proporciona um sentimento de dignidade que de nenhuma outra maneira você tem”.
Estima-se que o Brasil tenha 16 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo cerca de 2,6 milhões em São Paulo. Cães-guias, segundo entidades do setor, são apenas 100.
Para ajudar a suprir essa carência, o Serviço Social da Indústria de São Paulo (SESI-SP) e o Instituto Meus Olhos Têm Quatro Patas, com o apoio da
Fundação Dorina Nowill, firmaram parceria e desenvolveram o Projeto Cão-Guia.
A iniciativa visa a transferência de tecnologia social para beneficiar deficientes que trabalham na indústria paulista, permitindo mobilidade autônoma e segura.
Na primeira etapa do projeto, 32 filhotes das raças labrador e golden retriver foram entregues a famílias acolhedoras. Com elas, os animais passarão aproximadamente um ano para diferentes vivências, que permitirão equilíbrio comportamental futuro.
Em um segundo momento, os animais serão encaminhados ao centro de treinamento do Instituto Meus Olhos Têm Quatro Patas para adestramento intensivo e especializado. Esse processo tem duração de seis a oito meses.
Por fim, os cães “escolhem” seu futuro dono e passam por um período de instrução com ele. No projeto do SESI, os cães serão doados gratuitamente aos industriários com deficiência visual.
A professora Susi Bonifácio Rodrigues, acompanhada do neto Matheus, de três anos, recebeu a labradora Emma em recente cerimônia no SESI. O menino ficou encantado, se desmanchando em carinhos e abraços. “Acho que vai ser difícil a separação lá na frente, mas sei que estaremos ajudando um deficiente visual com esse trabalho”, disse Susi.
Giulia, 7 anos, e Amanda, 6, filhas da publicitária Luciana Accorroni também não desgrudaram da futura cão-guia Fortune. “Quem diria que até pouco tempo elas tinham medo de cachorro”, contou Luciana.
Sobre o inevitável envolvimento com o animal, ela diz que já conversou a respeito e vai continuar abordando o assunto com as meninas. “É importante trabalhar o desapego”.
Ao adolescente Pedro Gaido, 12 anos, coube o serelepe golden Cazuza, de cinco meses. A responsabilidade de cuidar do animal será sua, garante. “Vou passear com ele três vezes por dia, escovar os dentes, alimentá-lo...”
Deficientes visuais que já utilizam cães-guias contam a seguir como a vida mudou após a chegada do animal.

Foto: Yara Achôa Ampliar
O jornalista Lucas de Abreu Maia e Annie
“É mais do que um cachorro, é uma extensão do meu corpo”

Foto: Yara Achôa Ampliar
O advogado Rodrigo Galvão dos Santos e Brenda
“É indescritível a sensação de autonomia com o cão-guia”
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